sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Minoria na Liderança

Ainda que a presença feminina no mercado tenha aumentado nos últimos anos, apenas 7,8% das empresas têm mulheres como CEO e os privilégios oferecidos às trabalhadoras pelas organizações podem contribuir com esse cenário

por Anna Carolina Oliveira

No período que vai da década de 70 a 2007, a participação feminina no mercado cresceu de 30% para 50%, segundo dados do IBGE. Ainda assim, ela continua pequena quando avaliado o número de mulheres na liderança. De acordo com um estudo do Grupo Catho, em 2007 somente 8% dos presidentes de empresas eram do sexo feminino.


Tais conclusões foram apresentadas nesta quinta-feira por Regina Madalozzo, professora e pesquisadora do Insper, no seminário “As mulheres na liderança nesse Brasil de Crescimento”, promovido pelo IBEF Mulher - núcleo feminino do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - em comemoração ao seu um ano de existência. Na ocasião, a também PhD em Economia divulgou os resultados de uma pesquisa feita pelo Instituto Sensus de Pesquisa e Consultoria a pedido do Insper. Realizado entre 10 de setembro e 18 de outubro de 2007, o estudo utilizou uma base de dados referente a 370 empresas brasileiras.


Perfil dos CEOs
Regina explicou que, a partir dos dados recolhidos, foi traçado um perfil das pessoas que atualmente ocupam os altos cargos nas organizações. No geral, são profissionais de 52 anos de idade; com nível superior e, muitas vezes, Pós-Graduação; média de 16 anos na empresa e 10 no cargo de CEO; e a maioria do sexo masculino – apenas 7,8% % das empresas têm como seu CEO uma mulher.


A pesquisa ainda apresentou os fatores que interferem na presença feminina na liderança. De acordo com o levantamento, a chance da mulher ocupar uma alta posição:


- diminui em 12% no setor industrial
- aumenta em 15,53% quando a empresa está instalada na região Sul do Brasil
- diminui em 12,76% na existência de um conselho administrativo


O Porquê
Para explicar o fenômeno, Regina listou as justificativas mais comuns para a pouca participação da mulher no mercado. A dificuldade de conciliar a carreira com a vida pessoal e sua exigências familiares; a entrada tardia de uma massa feminina no mercado brasileiro; e a discriminação são as três explicações usuais.


No entanto, a pesquisadora do Insper afirmou que existem outras justificativas, como a baixa identificação do conselho de administração com uma figura feminina. Isso significa que a escolha do CEO, muitas vezes, não é baseada somente em habilidades e capacidades, e sim na similaridade com o perfil do conselho, o qual, hoje, é majoritariamente masculino.



Discussões
Depois de expor os resultados da pesquisa, Regina se juntou a Ivanyra Correia, CFO da Penske Logistics, e Ana Maria Elorrieta, sócia da PricewaterhoouseCoopers, participando de um painel conduzido por Elisabete Waller, vice-presidente de Aplicativos da Oracle do Brasil. Nesse momento, Regina explicou que, apesar de toda a desigualdade no cenário atual, não acredita que as mulheres sejam superiores aos homens. “Acho que somos iguais em termos de competência profissional.”

Na mesma linha de pensamento, Ivanyra salientou a importância das companhias darem benefícios iguais para os gêneros. Isso implica em, por exemplo, oferecer oportunidades para que os chefes de família e pais também contribuam na administração do lar e filhos. “Sou contra empresas que beneficiam só a trabalhadora, com creches e licenças exclusivas para ela. A organização deve ter benefícios que ofereçam vantagens iguais para os sexos.”


Para completar, Regina ainda disse ser contrária ao aumento obrigatório da licença maternidade de quatro para seis meses. “Como a mulher quer igualdade se ela desfruta de privilégios que os homens não têm?”, pergunta. Ana, da PricewaterhoouseCoopers, concorda e deixa um conselho: “a função da mulher que conquistou seu espaço é mostrar para as outras que se desenvolver na carreira pode ser difícil, mas não impossível”.

Matéria extraída da revista VocêRH

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