quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A cultura da confiança

Por Cibelli Pinheiro
Levando em consideração os principais pilares da cultura brasileira – poder, relações e flexibilidade, segundo os professores Betânia Tanure, Paul Evans e Vladimir Pucik, no livro Gestão de Pessoas no Brasil – Virtudes e pecados capitais –, a realidade das organizações do Nordeste caracteriza-se por uma forte concentração de poder que, provavelmente, é fruto da influência do coronelismo na região.

Com esse estilo de gestão, as empresas, especialmente as familiares, administram suas equipes utilizando diversos instrumentos burocráticos e muitas regras, contratos e normas formais, reforçando suas estruturas hierárquicas e produzindo um baixo grau de sociabilidade e cooperação. Nesse contexto, os indivíduos agem muito mais buscando os seus próprios interesses do que em favor da coletividade. Não há um compartilhamento de valores para que se construa uma cultura corporativa mais consistente, que considere prioritariamente as relações mais consensuais.

Numa gestão baseada na confiança, o mecanismo de controle é a própria relação entre as pessoas, que produz um ambiente de cooperação espontânea em equipe e de autonomia individual e estimula a criação e a inovação, levando à satisfação, motivação e ao comprometimento de todos. Além disso, as empresas terão menos gasto com mecanismos de controles e reduzirão o índice de absenteísmo, assim como os custos com questões trabalhistas e comportamentos oportunistas.

Para que as relações de confiança sejam construídas, é preciso considerar alguns elementos fundamentais, como a comunicação aberta, honesta e transparente com os funcionários, e a integridade nas relações internas, promovendo a percepção da justiça e dos benefícios mútuos. As relações de confiança serão sustentadas e sustentarão o exercício dessa gestão quando houver, de fato, consistência, transparência e coerência nas atitudes diárias.

Diante disso, o “novo” RH não pode mais se limitar a ações operacionais, ser fazedor de festinhas e motivador de pessoas. Seu olhar estratégico deve estar voltado para a necessidade de criar um ambiente de confiança como base para a construção de relações sustentáveis. Em setembro, a ABRH-PE vai promover uma ampla reflexão sobre essas questões tão importantes para a vida organizacional e para a relação entre as pessoas com a realização do CONORH 2010 – 13º Congresso Nordestino sobre Gestão de Pessoas, em Recife. Agende-se e venha participar desse debate conosco!

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